O dia sorriu-me. Parecia que ia correr mal, mas foi só
fachada!
Tive calor. Porquê? Porque caminhei a bom passo pelo bairro
de Alvalade.
Parece-me um mercado gigante onde se pode encontrar de tudo. Qual
centros comerciais, qual quê!
Por entre as ruas do quarteirão principal de Alvalade
caminha-se entre velhinhos vagarosos, madames e chineses. O que queremos
encontrar, encontramos. Há o mercado principal, os correios, escolas,
papelarias grandes e pequenas, casas da sorte e muitos restaurantes com menus
em conta.
Também já há restaurantes japoneses, vegetarianos e
nepaleses. Tudo para não se perder os tempos!
Sim, porque desde pequena me lembro de passear alegremente
nas ruas d Alvalade e parece-me que pouco mudou.
Algumas lojas já lá não estão, mas ainda se continuam a ver
as crianças com as avós, os cães a serem passeados e os carrinhos de duas rodas
para as compras.
Mais uma voltinha e mais uma moedinha. Aparecem-me as
sapatarias, as grandes lojas de chineses, as casas de roupa chique, e as casas
de roupa barata.
A meio do caminho não consigo não ouvir a conversa de duas
ciganas que se queixam de como isto está muito mau: “Nada se vende” – diz uma
enquanto olham para a montra de uma loja. “Isto ninguém quer comprar nada!” –
“Pois…”. “Eu hoje fui para o Relógio e não vendi nada.”, “Olha ontem no dia
todo fiz 30 euros. 30 euritos! Se não fosse a minha mãe dar-me dinheiro, não
sei!”.
E foi aí que olhei para ver com olhos de ver a pessoa que
falava.
Espantou-me dizer que a mãe lhe dava dinheiro quando
aparentava uns 40 anos. ‘tá mesmo difícil!
Continuei, pois… Casas de móveis antigos, casas de madeiras,
cabeleireiros modernos e barbeiros à moda antiga. Cafés acolhedores, casa de
chá e esplanadas ao sol. A rua principal (Avenida da Igreja), sempre cheia de
gente, já parece digna de uma metrópole com os seus restaurantes e
marisqueiras, quiosques de revistas, gelatarias deliciosas e bancos. Num dos
passeios, um engraxador ainda parece ter clientela.
Subo por uma rua perpendicular à avenida. Lojas para alugar
também se encontram. Empregados à porta a ver quem passa, e uma loja com tudo!
Desde artigos para costura até artigos para o cabelo e para a pele.
Há algumas lojas destas em Alvalade. Cheias de tudo e de
muito que em nada combina. Fazem-na um bairro pitoresco e caloroso.
Se procurarmos bem encontramos o que queremos e o que já não
esperávamos e ainda nos dão um sorriso.
Há coisas que não devíamos deixar morrer…