quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Bairro de Alvalade


O dia sorriu-me. Parecia que ia correr mal, mas foi só fachada!
Tive calor. Porquê? Porque caminhei a bom passo pelo bairro de Alvalade. 
Parece-me um mercado gigante onde se pode encontrar de tudo. Qual centros comerciais, qual quê!
Por entre as ruas do quarteirão principal de Alvalade caminha-se entre velhinhos vagarosos, madames e chineses. O que queremos encontrar, encontramos. Há o mercado principal, os correios, escolas, papelarias grandes e pequenas, casas da sorte e muitos restaurantes com menus em conta.
Também já há restaurantes japoneses, vegetarianos e nepaleses. Tudo para não se perder os tempos!
Sim, porque desde pequena me lembro de passear alegremente nas ruas d Alvalade e parece-me que pouco mudou.

 Algumas lojas já lá não estão, mas ainda se continuam a ver as crianças com as avós, os cães a serem passeados e os carrinhos de duas rodas para as compras.
Mais uma voltinha e mais uma moedinha. Aparecem-me as sapatarias, as grandes lojas de chineses, as casas de roupa chique, e as casas de roupa barata.
A meio do caminho não consigo não ouvir a conversa de duas ciganas que se queixam de como isto está muito mau: “Nada se vende” – diz uma enquanto olham para a montra de uma loja. “Isto ninguém quer comprar nada!” – “Pois…”. “Eu hoje fui para o Relógio e não vendi nada.”, “Olha ontem no dia todo fiz 30 euros. 30 euritos! Se não fosse a minha mãe dar-me dinheiro, não sei!”.
E foi aí que olhei para ver com olhos de ver a pessoa que falava.
Espantou-me dizer que a mãe lhe dava dinheiro quando aparentava uns 40 anos. ‘tá mesmo difícil!
Continuei, pois… Casas de móveis antigos, casas de madeiras, cabeleireiros modernos e barbeiros à moda antiga. Cafés acolhedores, casa de chá e esplanadas ao sol. A rua principal (Avenida da Igreja), sempre cheia de gente, já parece digna de uma metrópole com os seus restaurantes e marisqueiras, quiosques de revistas, gelatarias deliciosas e bancos. Num dos passeios, um engraxador ainda parece ter clientela.

Subo por uma rua perpendicular à avenida. Lojas para alugar também se encontram. Empregados à porta a ver quem passa, e uma loja com tudo! Desde artigos para costura até artigos para o cabelo e para a pele.
Há algumas lojas destas em Alvalade. Cheias de tudo e de muito que em nada combina. Fazem-na um bairro pitoresco e caloroso.
Se procurarmos bem encontramos o que queremos e o que já não esperávamos e ainda nos dão um sorriso.
Há coisas que não devíamos deixar morrer…










2 comentários:

  1. É uma zona que frequentei bastante, nos tempos idos de Faculdade... aproveitava a boleia do meu pai, que aí trabalhava, e vinha para as aulas que começavam às 8h00. Nesse tempo, Alvalade era estação terminal da linha de metro que bifurcava na estação do Marquês de Pombal, que então se chamava Rotunda... era certinho que metade das vezes, com o sono, apanhava o combóio errado e acordava a caminho da Cidade Universitária quando deveria ir para São Sebastião.
    Alvalade sempre foi uma zona da cidade que me transmitiu uma sensação de dinamismo, de movimento... é essa vida toda de que falas e que tanta falta faz a outras zonas não menos nobres. É que eu amo Lisboa, e quanto mais viajo mais me apaixono por ela... envergonha-me ver como a deixámos, a baixa da cidade é uma zona que, com o tempo e o abandono e a falta de empenho e brio de quem cá vive, murchou. Mesmo Alvalade mudou um pouco... adaptou-se, talvez, mas manteve aquela magia de um bairro característico mas cheio de vida e de actividade e de "saúde".
    Mas Lisboa está a renascer, sabes? Pelo menos eu sinto-a renascer aos poucos, devagarinho... e vejo-o no deslumbramento que brilha nos olhos dos turistas que sobem as encostas até ao Castelo, que se perdem nas ruas de Alfama e tomam banhos de Sol nas praças. Está a renascer... e eu confesso que tenho o sonho de a ver, um dia, a fervilhar de comércio e de movimento, como se fosse um enorme Souk numa qualquer cidade exótica de outras paragens. O mundo viria em peso ver Lisboa... talvez um dia.

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    1. Lembro-me perfeitamente do terminal em Alvalade e da Rotunda! E concordo com as tuas bonitas palavras. Lisboa merece ser amada, e Alvalade é um bairro que sempre me deu gosto explorar. Gosto do movimento urbano e ao mesmo tempo da tranquilidade que posso encontrar. É por isto que há cidades que são mágicas, e Lisboa é uma delas. Orgulho-me muito de ver a alegria na cara dos turistas e de saber que querem voltar. Lisboa é para ser apreciada, e muitas vezes esquecemo-nos destes bairros um pouco mais afastados do chamado centro histórico, mas que deviam ser explorados, sentidos e vividos, porque são eles que nos dão o espírito da cidade e das pessoas. Já vi tanta gente que não é de cá a falar mal de Lisboa e das falta de simpatia das pessoas que nela habitam. Natural. Como em todas as grandes metrópoles. Mas quem diz isso, não conhece Lisboa e não procura conhecer. Lamento muito isso, porque quando vou a outra cidade procuro o melhor o melhor dela, e não sublinhar o pior. É com gosto que ouvi hoje que vai abrir um novo espaço de música e lazer na avenida da liberdade. Lisboa está a renascer :)

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