terça-feira, 17 de novembro de 2015

Ao alcance de cada um

Eu não sou nada boa a falar. Quero dizer coisas que não me saem, na altura não penso em metade dos argumentos que sei ter e, por fim, aborreço-me e começo a disparatar numa de "tou-me a cagar para isto tudo".
Mas sei que a escrever me entendo e por isso quis escrever o que nem sempre sei dizer. Não é o mesmo e não sei porque o faço... penso que por descargo de espírito, porque às vezes termino as conversas com a sensação que não fui capaz de expressar o que queria.

Tenho ouvido e participado em mil e uma discussões sobre refugiados que chegam, guerras e atentados, médicos de família a que vão ter direito, dinheiro que vão receber e que apesar de ser da UE muita gente resmunga que mesmo assim nos sai dos bolsos, etc...
Perco-me em palavras quando o que eu quero dizer é muito simples: o que é que isso importa verdadeiramente? Estamos a perder tempo com especulações quando não estamos nem nunca estaremos bem dentro do assunto, porque não representamos nenhum alto cargo, não vamos a reuniões de tomada de decisões e não sabemos o que foi acordado, o que está implícito ou o que foi EXIGIDO no meio disto tudo. 
A meu ver, se eu estiver bem comigo e com a minha vida (e nesse aspecto estou), não sinto qualquer inveja, ódio ou qualquer outro tipo de sentimento intolerante e mesquinho por pessoas que têm menos (ou mais) que eu e que precisam de ajuda.
Para mim é simples como isso. Eu não me importo com o que lhes é dado. Porquê? Porque estou bem com o que tenho e nada mais me faz falta. Ponto.
Sou rica? Tenho médico de família? Isso não me importa para nada. Importa-me a forma como vivo bem com o que tenho, sem passar a vida a querer mais. E isto porque sei duas coisas: as pessoas mais pobres são sempre as que estão prontas a ajudar mais. Sem invejas ou mesquinhez. E segundo, quanto mais feliz e agradecida estiver com a Vida, mais ela me dá sem eu estar à espera.
E infelizmente, eu vejo que a maioria das pessoas que me rodeia no dia-a-dia importa-se com coisas que não devia. Passam a vida amarguradas porque a galinha do vizinho é melhor e refilam por tudo o que têm e que não têm.
Só queria que as pessoas parassem e pensassem no que estão a fazer. E em como é fácil estarem melhor, bastando mudarem a maneira de ver as coisas.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Se cada um mexer o seu grão de areia, a montanha move-se!


Imagem de Catarina Sobral© 

"Contribuições para compra, no local, dos bens mais necessários:
NIB: 0033 0000 4547 4459 0330 5
IBAN: PT50 - 0033 0000 4547 4459 0330 5

Mais informações, na página People Need People

SE CADA UM MEXER O SEU GRÃO DE AREIA,
A MONTANHA MOVE-SE.

Três amigas decidiram que estava na hora. Quatro amigos ofereceram-se para dar todo o apoio de base necessário. O objectivo? Seja de que forma for, ajudar os milhares e milhares de refugiados que esperam gelados, exaustos e esfomeados que alguém decida se eles têm ou não o direito a viver.

Vera Valério Batista, Catarina Carneiro e Maria João Caseiro decidiram abdicar de uma semana de conforto para viajarem até à Croácia, directamente para um dos campos de refugiados da chamada zona laranja/vermelha, ou seja, um daqueles onde tudo, até o mais básico, faz falta. De 25 de Novembro a 2 de Dezembro colocarão as suas capacidades profissionais e pessoais à disposição de uma ONG local e ajudarão no que for necessário.

Três pessoas que representam muitas mais. Serão os braços, as cabeças e os corações de todos aqueles que queiram ver-se representados nelas. Entregarão os abraços, os sorrisos e as palavras de esperança que lhes sejam encomendados por cada um de nós. Quem quiser, pode ajudar. E formas de o fazer não faltam. Seja uma palavra, uma partilha, uma informação ou uma música.

Para os que quiserem apoiar financeiramente esta iniciativa, preferimos que direccionem as vossas ofertas para quem mais precisa. Para tal, criámos uma conta para recolha de donativos que serão usados para compra no local dos bens identificados como mais necessários. Sejam eles roupa, agasalhos, casacos, mantas, sacos cama ou, coisas tão básicas como água, pão ou escovas de dentes.

Da nossa parte, asseguramos que esse dinheiro será unicamente usado para esse efeito e no final da iniciativa apresentaremos todas as contas. Caso sobre algum dinheiro, será direccionado para uma das ONG’s a actuar no local.

NIB: 0033 0000 4547 4459 0330 5

Sozinhos não conseguimos. Mas juntos somos muitos! Contamos com a ajuda de todos!!"

People Need People

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Parar para ouvir

Novamente no metro, hoje de manhã, sentei-me ao lado de um senhor. Eu vinha com os phones e reparei que ele falava comigo. Tirei-os e perguntei "Desculpe?"
Ele fez-me uma pergunta sobre o tempo de ida dali ao Cais do Sodré. E pergunta atrás de pergunta, quando lhe respondo que trabalho e já não estudo, ele remata "Então já aprendeu tudo o que tinha a aprender", e eu: "Bem, isso depende... Posso ainda querer aprender mais!"
Isso levou-o a perguntar qual era a minha formação. Contei-lhe o que já estudei até descobrirmos que ele também estudou Geografia na mesma Faculdade que eu. Agora é professor de Geografia reformado. 
Foram alguns minutos a rever metodologias, professores e disciplinas. De repente, aquele senhor tinha estudado com "os grandes" da Geografia em Portugal. Alguns deles que só conheci em livros. Foi fascinante! E tanto que ainda tinha para lhe perguntar quando tive de sair na minha estação!
Faltou o tempo para mais, infelizmente!
Mas aqueles momentos foram o suficiente para chegar ao trabalho com um sorriso de orelha a orelha!

Tudo isto para concluir que, nós que vamos sempre na nossa vida, às vezes sem tempo para conversas, às vezes simplesmente sem vontade de falar... Ou nós que achamos que quando os outros nos falam nos estão a importunar sem sequer sabermos bem o que querem (arrogância no meu ponto de vista), às vezes poderíamos ser surpreendidos com histórias de vida ou com pessoas simpáticas e interessantes. 
Fiquei fascinada com a simpatia do senhor, que às tantas já me tratava por tu. Mais não seja, são coisas destas que nos dão sorrisos gratuitos, desses que às vezes parecem extintos no meio de estranhos!