segunda-feira, 19 de julho de 2010

E por estas Itàlias... (parte 2)



Entretanto tive visitas, fiz turismo, começou a altura dos aperitivos, onde se pede 1 bebida pela módica quantia de 6 euros e se pode tirar do buffet tudo e quantas vezes conseguirmos...O bairro de Trastevere foi-se enchendo de gente, e as noites mais convidativas a lá ir, mesmo sendo 1hora a pé de minha casa...
Mas o que antes era um caminho agradável de se fazer, com passagem pela Via del Corso, Piazza Venezia, percorrer a avenida sempre cheia que vai dar ao coliseu, restícios de antiguidade de ambos os lados, coliseu em frente, depois subir até San Giovanni, descer a Appia Nuova e arrivare a casa, agora é algo que simplesmente se deve pensar muito bem antes de o fazer...Eu sei que há muitas fontes pela cidade, mas penso ser penoso demais caminhar arriscadamente pelas pedras da história, ver gentes e gentes, monhés a vender de tudo, homens-estátua, artistas de rua que tocam e pintam, romenas a pedir dinheiro e cães exaustos de língua de fora. Roma está para um jardim fresquinho, como em Lisboa se está para uma jola a 1euro! (regra de 3 simples, simples!)
Primeiros feriados em Itália? Sol? Vamos para o Lago de Martignano com o pessoal. Sítio de gentes tatuadas, de rastas, ou não, que bebem cerveja e fumam. Trazem sempre consigo os cães que nos deliciam o dia com as suas gracinhas. Música, churrasco, relva, sombra, lago à frente, e em redor apenas colinas verdes. Parece que estou na Nova Zelândia, mas “só” estou numa antiga cratera vulcânica! 
Começa o Mundial, sai-se do trabalho mais cedo para ver Portugal. Tento vestir-me a rigor e preparar o congelador com cervejinhas frescas, mas é difícil. Primeiro sempre me questionei porque é que nunca tenho nada verde e vermelho para vestir, e segundo porque é que onde quer que vá vejo sempre 1 espanhol com uma bandeira às costas...desconfio que dormem com elas e as levam para qualquer deslocação que façam...pode sempre dar jeito afinal! “Voy a Roma de vacaciones? Qué me llevo? AH! Si! La bandiera, por supuesto!”
Os primeiros jogos vejo-os em casa de amigos, ainda chuviscava às vezes... Nem um mês passou para se notar a mudança no tempo, que aquecendo, leva-nos a todos a ir para o ecrã gigante que puseram na Villa Borghese. Festa! Cerveja cara, por isso traz-se de casa. Portugal-Espanha. Digo-vos já que ainda bem que a Espanha ganhou, porque deviam ser só eu, o Zé, os italianos que estavam comigo vestidos de vermelho e verde, e mais 3 gatos pingados, para 5000 espanhóis. Que tristeza de festa pós-jogo seria...só nós aos pulos no meio.... Que tristeza que é não saber onde se metem os portugueses nestas alturas... quando antes chegávamos a todo o lado!
Fins-de-semana de Verão? Explora-se de comboio o Lago Bracciano. Assiste-se a trovoadas brutais. Autênticas descargas de energia em pleno lago interior. Vê-se claramente a chegada das frentes, o vento, as nuvens que crescem e escurecem, e chega a chuva em gotas pesadas. Relâmpagos e trovões ao mesmo tempo. Abrigamo-nos, e meia hora depois, podemo-nos ir esticar de novo.  Que bem estive em Bracciano...como 1 pequena cidade medieval que se manifestava contra a privatização da água em Itália.
Ladispoli, San Severo, Santa Marinella...praias a não mais que 1h de Roma. Está-se bem até ao fim do dia. Concessões e mais concessões estragam as praias. Pequenos espaços de praia livre para quem no quer pagar 1 cadeira e 1 chapéu... Itália está toda assim, e ninguém os educa a ser de outra maneira... Se digo que vou a Cinque terre, parque natural, património Mundial da UNESCO, ficam a olhar para mim e dizem: “Onde é isso?”, ou então: “Mas qué que vais lá fazer? Tens sítios muito melhores em Itália!”
Cinque terre foi o último sítio onde fui, e é um lugar maravilhoso (ainda bem que não dei ouvidos aos italianos)... 5 terrinhas, aldeias pitorescas da região da Ligúria, entre verde e azul. Como património da Unesco está tudo bem cuidado, nada que não pode ser de espantar, visto que as aldeias não são baratas, e se quisermos fazer os percursos pedestres pelo meio do parque, temos de pagar um cartão consoante o número de dias que queremos usufruir. Mas vale a pena. Cada terrinha é uma descoberta pelo meio do verde, e podem aceder-se também de barco ou, mais eficientemente, de comboio. Estão ligadas pelos percursos pedestres que nos fazem respirar a Natureza, observar a linha de costa e encontrar praias escondidas de azul límpido. Pessoas simpáticas são facéis de encontrar e de conversar. Em cada dia, se quisermos, aprende-se sempre por ali. À noite, observa-se o céu estrelado e ouvem-se as cigarras. Nada mais.
Ao voltar para Roma descobriu-se ser mais conveniente parar em Pisa. Tempo de se voltar a respirar cidade, mesmo que pequena e agradável. Tiram-se fotos imaginativas com a torre, e espera-se a ainda em falta viagem de 4h para Roma.

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